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Introdução


A IANA é o órgão responsável por distribuir blocos de ASNs para os cinco Regional Internet Registries (RIRs): AFRINIC, APNIC, ARIN, LACNIC e RIPE NCC. Cada RIR é responsável por uma região do mundo. Aqui na América Latina, esse papel é do LACNIC, que no caso do Brasil conta com o Registro.br atuando como NIR (National Internet Registry), responsável por repassar esses recursos a provedores locais conforme as políticas definidas globalmente.


Para entender melhor, leia sobre A Hierarquia de Alocação de Endereços IP na Internet.


Para obter um ASN, é obrigatório ter um bloco IP alocado, seja IPv4, IPv6 ou ambos. O custo está diretamente ligado a aquisição do bloco. Segundo o NIC.br (em 2018), a categoria "nano" (que incluía um bloco IPv6 /32 e até um IPv4 menor que /22) custa cerca de R$ 3.379,20 por ano, se a solicitação envolver qualquer alocação de IPv4.


O vencimento do pagamento sempre cai na data de aniversário da alocação do bloco.



O que fazer após conseguir um ASN?


Depois que você obtém um ASN e um bloco IP próprio (IPv4, IPv6 ou ambos), existem basicamente duas formas de fazer seu ASN se comunicar com o restante da Internet e anunciar seus prefixos. Ambas envolvem o uso do protocolo BGP, que é o protocolo de roteamento utilizado para troca de informações entre sistemas autônomos.


A primeira forma (e a mais comum) é fazer peering com um provedor de trânsito IP, também chamado de upstream provider. Você contrata um ou mais links com operadoras que já possuem conectividade global, e firma uma sessão BGP com elas. Nessa sessão, você anuncia seus blocos IP (seus prefixos) e, em troca, recebe rotas do mundo inteiro.


Esse provedor então propaga seus anúncios para o restante da Internet. É dessa forma que seu ASN se torna visível e acessível publicamente. Você pode fazer isso com apenas um provedor, mas muitos ASNs optam por contratar dois ou mais para garantir redundância e mais controle sobre o tráfego, isso é o chamado multihoming.


A segunda forma, que pode ser feita em paralelo ou de forma complementar, é através de peering direto com outros ASNs em um ponto de troca de tráfego, como o IX.br. Nesse modelo, você estabelece sessões BGP com vários outros participantes do IX (peers) e troca tráfego diretamente com eles, sem passar por um provedor intermediário.


Isso pode reduzir latência e custos, além de dar mais controle sobre a rota do seu tráfego. No entanto, esses peerings diretos normalmente envolvem apenas troca de tráfego com redes específicas, você ainda precisa de um provedor de trânsito para alcançar o restante da Internet.




Sobre o provedor de trânsito


O provedor de trânsito IP, que é uma operadora com presença na Internet global, estabelece uma conexão física com a sua estrutura, normalmente puxando um link dedicado até o seu data center, escritório ou POP (ponto de presença). Esse link pode ser entregue via fibra óptica, rádio digital ponto a ponto ou até através de interconexões em datacenters compartilhados, dependendo da infraestrutura da sua região e do acordo com o provedor.


Quando o link está instalado, vocês configuram uma sessão BGP entre o seu roteador e o roteador do provedor. É nessa sessão que você anuncia seus prefixos (os blocos IP que você tem alocados) e recebe, do outro lado, as rotas da Internet inteira. Com isso, o provedor passa a ser responsável por "publicar" seus anúncios para os outros ASs do mundo, fazendo com que a sua rede se torne acessível globalmente.


A Claro, por exemplo, vende um acesso dedicado sem compartilhamento de banda, disponível em velocidades de 50 Mb até 10 Gb, entregue por fibra até o CPE que fica dentro da empresa contratante.


Se o escritório está dentro de um prédio corporativo atendido pelo backbone de fibra da operadora, eles apenas passam uma nova fibra até a sala de TI e entregam o serviço num SFP ou numa porta elétrico‑Gigabit. Quando o escritório não é atendido diretamente, o provedor encomenda um par de fibras alugadas de uma concessionária de rede neutra ou monta um circuito Ethernet sobre MPLS. A Equinix descreve um processo similar para cross‑connects internos, basicamente um patch‑cord entre dois racks, modelo que as operadoras replicam na prática entre o backbone delas e o CPE do contratante.